terça-feira, 28 de março de 2017

Na Missão com Kadu - Análise do documentário

NA MISSÃO, COM KADU



Filmado pelo pernambucano Pedro Maia de Brito e por Aiano Mineiro (MG), o documentário acompanha o líder comunitário Ricardo de Freitas Miranda, o Kadu, líder comunitário da Ocupação Vitória da Izidora (região periférica de Belo Horizonte). A montagem costura imagens filmadas pelo próprio Kadu, em um dia de passeata reivindicatória da ocupação em direção à Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais no ano de 2015. O desfecho acaba revelando uma brutal reação de força do aparelho estatal contra os manifestantes. (por Fernando Pacheco)
O filme foi filmado em Julho de 2015 e finalizado agora em 2016 pela seguinte equipe:
  • Direção e Roteiro:: Aiano Bemfica, Gabriel Martins e Pedro Maia de Brito
  • Produção: Aiano Bemfica, Luisa Lanna e Pedro Maia de Brito
  • Montagem e Roteiro: Gabriel Martins
  • Som Direto e Produção: Luisa Lanna
  • Direção de fotografia: Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito
  • Mixagem: Homero Basílio
  • Finalização: Felipe Ferraz
  • Duração: 28 minutos
  • Classificação/Gênero: Documentário
  • Países de Origem: Brasil
  • Contato: maiaapedro@gmail.com

Sinopse


Na luta por moradia em Belo Horizonte, um militante, sua câmera e seu povo enfrentam o poder dos cassetetes e das bombas de gás.
Na Missão com Kadu é um filme-documentário realizado pelo pernambucano Pedro Maia de Brito e o mineiro Aiano Benficaque junta imagens de depoimentos colhidas pelos cineastas com imagens feitas por um celular pelo líder comunitário Ricardo de Freitas Miranda, o Kadu, durante uma passeata realizada pelos moradores da Ocupação Vitória, na Izidora, região periférica de Belo Horizonte. Os manifestantes se dirigiam ao Centro Administrativo do governo mineiro em junho de 2015 e foram reprimidos de forma brutal, o que resultou na prisão de cerca de cem pessoas e ferimentos em várias delas por balas de borracha, incluindo crianças, atingidas por bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
O filme é uma denúncia contundente contra a ação truculenta da Polícia Militar e tem sido usado pelos ocupantes para tentar sensibilizar a Justiça mineira dos arbítrios cometidos para definir o direito de uso da área invadida. Existem sérias dúvidas quanto à legalidade de posse da mesma pelos que dizem ser seus proprietários e questiona-se também o uso da violência contra uma reivindicação legítima. O caso torna-se ainda mais dramático quando no final do filme tomamos conhecimento que o líder comunitário Kadu foi assassinado numa emboscada quatro meses depois da manifestação.

Montagem

A montagem costura imagens filmadas pelo próprio Kadu, em um dia de passeata reivindicatória da ocupação em direção à Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais no ano de 2015. O desfecho acaba revelando uma brutal reação de força do aparelho estatal contra os manifestantes” (por Fernando Pacheco).
O documentário nasce de um processo de imersão de seus realizadores no contexto de luta pela moradia da ocupação Izidora, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Considerando que estamos diante de um filme assumidamente militante, duas ou três palavras devem ser ditas sobre os conflitos fundiários que alimentam o atual quadro de colonização do espaço e da moradia e, por conseguinte, o filme.
A proposta de fazer um filme a partir dos dois planos-sequência de Kadu, um o dia da manifestação, e outro na ocupação com Kadu, veio depois de um agenciamento pragmático destes, sendo possibilitado pelo vínculo criado entre militantes interessados pelo audiovisual e moradores da ocupação, principalmente lideranças locais. Estamos diante de um filme de guerrilha, que constrói sua força na evidência dos corpos que denunciam e lutam. A partir deste, podemos pensar o lugar do cinema militante (seja ele qual for) no campo cinematográfico brasileiro (e, obviamente, para além dele). Isso nos leva à diversidade de espaços sobre os quais o filme exerce influência estética e política, dando a ver imagens de uma história que deve ser contada.
Em contextos de conflito, o uso do audiovisual como arma sensível é crescente, seja nas ocupações urbanas, no mundo ameríndio ou em sociedades tradicionais. O fenômeno do cinema indígena contemporâneo atesta a veracidade e a potência desse novo cinema da urgência, pautado pela necessidade de tornar visível o ponto de vista dos invisíveis. Desse modo, o documentário tem exercido papel importantíssimo na sobrevivência desses pobres e desapossados do mundo, fazendo surgir diversas mise-en-scènes dos vagalumes brasileiros, o que pode indicar um processo positivo tanto para a democracia quanto para a arte. 

TEASER #1

https://vimeo.com/186218332

TEASER #2

 https://vimeo.com/185850764

TEASER #3

https://vimeo.com/185848005


A montagem é dividida em 7 macros basicamente:

Sequencia 1 - A chegada na ocupação conversa com jovens e uma "panorâmica" da ocupação.
Corte 1 - Tentativa frustrada de estourar o foguete para avisar da reunião e da exibição da filmagem.


 Avisando a população da reunião e da exibição da filmagem da manifestação.


Sequencia 2 - Indo para a reunião. Passagem na casa de uma moradora. Exibição da filmagem da manifestação.
Corte 2 - Pessoas assistindo a filmagem

 


Sequencia 3 - O dia da manifestação. O início do confronto com os policiais na BR. Mudança de faixa para evitar o confronto. O Bloqueio policial.
Corte 3 -
 A filmagem da manifestação



Sequencia 4 - O confronto com os policiais. A truculência. A reclamação de Kadu contra as autoridades e principalmente contra Pimenta.
Corte 4









Sequencia 5 - Imagens da truculência e de pessoas feridas. a falta de sensibilidade com as crianças que estavam na manifestação.
Corte 5




Sequencia 6 - O retorno para ajudar os outros manifestantes. Balas de borracha, spay de pimenta. O encontro com a menina.
Corte 6


Sequencia 7 - Fuga com a menina no colo.
Corte 7
O último corte com a menina no colo


Kadu (Ricardo Freitas de Miranda) segundo as Brigadas Populares. 23/11/2015


No domingo (22), durante a noite o companheiro Ricardo Freitas, conhecido como Kadu, havia acabado de celebrar seus 38 anos de vida e luta quando foi brutalmente assassinado na entrada da ocupação Vitória da Izidora. Desde então choramos sua morte prematura, a morte de um lutador das causas do povo e das ocupações urbanas. Kadu foi inestimável companheiro de lutas e de conquistas. Ele escolheu a ocupação Vitória que, mesmo com todo o amor de sua família, decidiu se colocar, de corpo e alma, ao lado das famílias necessitadas em busca de mudar a condição precária que muitas famílias passam.
Ainda, Kadu “adotou” Ana e Adão como seus ‘pais’ da ocupação. Foi incansável membro da coordenação das ocupações que esteve presente, ‘na missão’ como costumava dizer, em todas as lutas, assembleias e reuniões com sua maneira alegre e espontânea de ser, lutando sempre pela resistência das ocupações urbanas e por um mundo mais justo. Sua alegria era contagiante e sempre presente; sua força estava sempre à disposição para ajudar a qualquer um que necessitasse.
A agitação que ele fazia, de maneira espontânea, deixava todas e todos mais alegres pela sua presença, sempre muito feliz. E, em momentos de necessidade, por exemplo durante a repressão violenta da polícia contra as famílias da Izidora, Kadu se colocou, prontamente, a ajudar as pessoas machucadas. Era um companheiro inigualável que, com certeza, sua partida irá fazer falta a cada marcha, a cada assembleia e no próprio dia a dia das ocupações. Sentiremos falta de abraça-lo como irmão que era de todos da ocupação e de sua alegria. Kadu, junto com Manoel Bahia é mais uma das vítimas da falta de oportunidades sistemática que nega o direito à cidade e à moradia adequada, que se desdobra em vários conflitos que acaba levando mais um dos nossos, mais um lutador que parte sem poder dizer adeus.
Conforme a Polícia Militar, as vítimas estavam em um carro na rua Hermenegildo Chaves Monzeca quando foram surpreendidas por três homens armados. Os suspeitos atiraram várias vezes contra o veículo e, em seguida, fugiram. A motivação do crime ainda não foi esclarecida. As duas vítimas chegaram a ser socorridas à UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) São Benedito, mas Kadu morreu pouco depois de dar entrada na unidade. O outro rapaz permanece internado em estado grave.

Palavra Ética na TVC/BH especial sobre Kadu (Ricardo Freitas), mártir da Luta pela moradia. 29/11/15

Protesto da Ocupação Izidora, em BH, é marcado por confronto na MG-010

Grupo se deslocou para a cidade administrativa, onde estavam policiais.
Movimento Brigadas Populares afirma que houve tiros e bombas de gás.
 

19/06/2015 10h39 - Atualizado em 19/06/2015 20h14

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=9WgSbDLydMA

PM e moradores de ocupações entram em confronto na MG-010/ Com video. 

19/06/2015 - 10h55 - Atualizado 07h54

http://hojeemdia.com.br/horizontes/pm-e-moradores-de-ocupa%C3%A7%C3%B5es-entram-em-confronto-na-mg-010-1.311341?fb_comment_id=941734652533849_942347179139263#f33b197d0578678

Moradores das ocupações da Izidora, em BH, fazem protesto contra despejo

Definição da reintegração de posse deve ser julgada nesta quarta no TJMG.
Às 12h, 2 mil pessoas participavam do ato, dizem organizadores.

 

 

Um comentário:

  1. Percebo que boa parte dessa crítica foi plagiada (cópia integral, o que é crime) de uma escrita por mim (disponível no seguinte link: http://cinerocinante.com.br/2017/02/01/na-missao-com-kadu-2016-de-aiano-bemfica-kadu-freitas-e-pedro-maia-de-brito/).

    Favor entrar em contato comigo, para que possamos conversar a esse respeito. O meu email é joaocampos@usp.br.

    Adianto que caso você ignore esta mensagem, serei obrigado a processá-lo. Mas espero que possamos resolver da melhor forma possível.

    Cordialmente,
    João Campos - Redator Revista Rocinante

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